Tribunal internacional emite ordem de prisão contra Netanyahu

Tribunal diz ter provas de que os dois lados cometeram crimes de guerra, incluindo 'indução à fome' e 'exterminação de povo' ao atacar alvos civis




21/11/2024, 09h44, Foto: Divulgação.


O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu nesta quinta-feira (21) um mandado de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu por crimes de guerra.(leia mais abaixo)


O TPI também expediu mandados para Mohammed Deif, líder do Hamas que Israel diz já ter matado, e para o ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant, demitido há duas semanas por Netanyahu.(leia mais abaixo)


O TPI disse ter evidências suficientes de que todos condenados cometeram crimes de guerra por deliberadamente atacarem alvos civis, de um lado e de outro. As condenações também incluem os crimes de "indução à fome como método de guerra", pelo lado de Israel, e "exterminação de povo", pelo lado do Hamas.(leia mais abaixo)


Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI — inclusive o Brasil — e significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.(leia mais abaixo)


A sentença acatou um pedido da Procuradoria do tribunal feito em maio, o primeiro trâmite da Justiça internacional contra Netanyahu.(leia mais abaixo)


O premiê israelense ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem, mas o líder da oposição, Yair Lapid, chamou o mandado de prisão a Netanyahu de "uma recompensa ao terorrismo". O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Benett, também criticou a decisão.(leia mais abaixo)


PEDIDO DA PROCURADORIA - O pedido original de prisão de Netanyahu, Gallant foi feito em maio deste ano pelo procurador do TPI, Karim Khan, que também pediu a prisão emitida contra o presidente russo, Vladimir Putin. Na ocasião, Khan também pediu a prisão dos então três principais chefes do Hamas. Israel diz já ter matado os três, mas o Hamas só confirmou a morte de dois deles:(leia mais abaixo)



  • Yahya Sinwar, o ex-chefe do Hamas na Faixa de Gaza morto em Gaza por Israel;

  • Mohammed Deif, comandante da ala militar e quem arquitetou o ataque de 7 de outubro ao sul de Israel. Segundo o Exército israelense, ele morreu em um ataque em agosto;

  • Ismail Haniyeh, chefe político do grupo e que vivia no Catar, morto por Israel no Irã.


Segundo o procurador, do lado do Hamas, os seguintes crimes foram cometidos:(leia mais abaixo)



  • Exterminação de povo;

  • Assassinato de civis;

  • Sequestrar e fazer civis reféns;

  • Tortura;

  • Estupro e atos de violência sexual;

  • Tratamento cruel e desumano


Já do lado de Israel, Kham disse ter identificado os seguintes crimes:



  • Indução à fome como método de guerra;

  • Sofrimento deliberado na população civil;

  • Assassinato de civis;

  • Ataques deliberados a civis;

  • Exterminação de povo;

  • Perseguição e tratamento desumano.


"Agora, mais do que nunca, precisamos demonstrar coletivamente que o direito internacional humanitário, a base fundamental para a conduta humana durante o conflito, se aplica a todos os indivíduos e se aplica igualmente a todas as situações abordadas pelo meu escritório e pelo tribunal", disse Khan.(leia mais abaixo)


LIMITAÇÕES DO TPI - As decisões feitas pelo TPI devem ser cumpridas por todos os 124 países signatários do acordo que criou a Corte -- o Brasil é um deles.(leia mais abaixo)


No entanto, o tribunal não tem uma força policial que cumpra os mandados de prisão, e depende do comprometimento de cada Estado para prender um condenado que entre em seu território.(leia mais abaixo)


REAÇÕES - Tanto o governo de Israel quanto o Hamas criticaram a decisão do procurador do TPI.

Netanyahu criticou o pedido:(leia mais abaixo)


“Eu rejeito essa comparação nojenta do procurador em Haia entre a democracia de Israel e os assassinos em massa do Hamas. Que audácia você compara o Hamas, que matou, queimou, fatiou, decapitou, estuprou e sequestrou nossos irmãos e irmãs e os soldados das Forças de Defesa de Israel, que lutam uma guerra justa”.

Já o Hamas disse, em comunicado, que o pedido de Khan "iguala a vítima ao carrasco" e disseram querer que a Procuradoria anule a solicitação de prisão para seus líderes.(leia mais abaixo)


Outro desafio é que Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos, não são membros do TPI, assim como a China e a Rússia.