PF indicia padre no inquérito do golpe de Estado

Sacerdote José Eduardo de Oliveira e Silva é suspeito de integrar núcleo jurídico que formatou decretos e minuta para golpe de estado no Brasil após as eleições presidenciais de 2022




21/11/2024, 19h07, Foto: Reprodução.


Além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), outras 36 pessoas foram indiciadas pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado no Brasil após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. Entre os indiciados está o padre da Igreja Católica José Eduardo de Oliveira e Silva, que teria participado de reunião sobre golpe com Bolsonaro. Veja a lista completa de indiciados ao final da página. (Leia mais abaixo)


O sacerdote nasceu em Piracicaba (SP) e ainda criança se mudou para Carapicuíba (SP), onde descobriu a vocação sacerdotal. José Eduardo foi ordenado sacerdote da Diocese de Osasco (SP) em 2006 e é atualmente é Pároco da Paróquia São Domingos na cidade. (Leia mais abaixo)


O padre dá palestras de temas como gênero, aborto, defesa da família e educação. Em 2017, ele ganhou atenção o nas redes sociais ao postar frases polêmicas em relação à ideologia de gênero e chegou a sugerir que a indústria farmacêutica deveria criar “um calmante em forma de supositório”. (Leia mais abaixo)


José Eduardo também escreveu que tinha saudades “dos tempos em que o banheiro servia só para necessidades fisiológicas e não para exibicionismos de autoafirmação sexual”. (Leia mais abaixo)


Nas redes sociais, o sacerdote acumula 424 mil seguidores e produz conteúdos religiosos e de ensino da teologia. O homem é doutor em Teologia Moral pela Universidade da Santa Cruz, em Roma. No Youtube, plataforma onde o padre publica aulas, concentra 136 mil seguidores. Como professor, o padre oferece cursos religiosos com valores que ultrapassam R$ 800,00 por ano. (Leia mais abaixo)


Padre foi alvo de busca e apreensão

Em fevereiro deste ano, o padre foi alvo da PF em busca e apreensão. O religioso é suspeito de integrar o núcleo jurídico que formatou decretos e minuta que serviriam para um golpe de estado no Brasil após as eleições presidenciais de 2022. (Leia mais abaixo)


De acordo com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o padre é citado como integrante do núcleo jurídico do esquema golpista. O papel do grupo seria o “assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado”. (Leia mais abaixo)


Os agentes da PF apreenderam equipamentos e documentos do clérigo. A investigação indicou que o padre participou de reunião com Filipi Martins e Amauri Feres Saad no dia 19 de novembro de 2022 em Brasília (DF). Ambos também foram indiciados nesta quinta-feira (21). Os controles de entrada e saída do Palácio do Planalto registraram a entrada e a saída do religioso da sede do governo federal naquela data. (Leia mais abaixo)


A decisão do ministro Alexandre de Moraes descreve que “como apontado pela autoridade policial, ‘José Eduardo possui um site com seu nome no qual foi possível verificar diversos vínculos com pessoas e empresas já investigados em inquéritos correlacionados à produção e divulgação de notícias falsas’”. (Leia mais abaixo)


O que diz a defesa de José Eduardo de Oliveira e Silva

“Menos de 7 dias depois de dar depoimento à Polícia Federal o meu cliente vê seu nome estampado pela Polícia Federal como um dos indiciados pelos investigadores. Os mesmos investigadores que não se furtaram em romper a lei e tratado internacional ao vasculhar conversas e direções espirituais realizadas pelo padre os possuem garantia de sigilo. (Leia mais abaixo)


Quem deu autorização à Polícia Federal de romper o sigilo das investigações? Até onde eu sei o Ministro Alexandre de Moraes decretou sigilo absoluto. Não há qualquer decisão do magistrado até o momento rompendo tal determinação. (Leia mais abaixo)


A nota da Polícia Federal com a lista de indiciados é mais um abuso realizado pelos responsáveis da investigação e, tendo publicado no site oficial do órgão policial, contamina toda instituição e a torna responsável pela quebra da determinação do Ministro de sigilo absoluto.” (Leia mais abaixo)

Veja quem são os indiciados:

Ailton Gonçalves Moraes Barros

Alexandre Castilho Bitencourt da Silva

Alexandre Rodrigues Ramagem

Almir Garnier Santos

Amauri Feres Saad

Anderson Gustavo Torres

Anderson Lima de Moura

Angelo Martins Denicoli

Augusto Heleno Ribeiro Pereira

Bernardo Romao Correa Netto

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha

Carlos Giovani Delevati Pasini

Cleverson Ney Magalhães

Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira

Fabrício Moreira de Bastos

Filipe Garcia Martins

Fernando Cerimedo

Giancarlo Gomes Rodrigues

Guilherme Marques de Almeida

Hélio Ferreira Lima

Jair Messias Bolsonaro

José Eduardo de Oliveira e Silva

Laercio Vergilio

Marcelo Bormevet

Marcelo Costa Câmara

Mario Fernandes

Mauro Cesar Barbosa Cid

Nilton Diniz Rodrigues

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

Rafael Martins de Oliveira

Ronald Ferreira de Araujo Junior

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros

Tércio Arnaud Tomaz

Valdemar Costa Neto

Walter Souza Braga Netto

Wladimir Matos Soares

Os 37 foram indiciados pelos crimes de: abolição violenta do Estado Democrático de Direito;

golpe de Estado; e organização criminosa


Fonte: CNN