PF divide aliados de Bolsonaro em 6 núcleos no inquérito do golpe; veja nomes

Polícia Federal indiciou 37 pessoas por envolvimento na trama golpista que tentou impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022




26/11/2024, 16h24, Foto: Divulgação.


O relatório da Polícia Federal (PF) que teve sigilo retirado nesta terça-feira (26) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), descreve a participação de citados e indiciados no "inquérito do golpe" a partir de seis áreas de atuação.(leia mais abaixo)


O conteúdo da investigação foi enviado ao Supremo na última quinta-feira (21) e indicia 37 pessoas por envolvimento na suposta trama golpista, com o objetivo de impedir que o presidente Lula (PT) tomasse posse, após ser eleito em 2022.(leia mais abaixo)


Segundo o documento, os envolvidos no suposto esquema de ataque ao sistema democrático atuaram nos seguintes núcleos:(leia mais abaixo)



  • Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e apoio a Outros Núcleos

  • Núcleo de Inteligência Paralela

  • Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas

  • Núcleo Jurídico

  • Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado

  • Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral


O material foi encaminhado nesta terça para apreciação da Procuradoria-geral da República (PGR).

Na decisão, Moraes também manteve o sigilo sobre a delação premiada do coronel Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.(leia mais abaixo)


Vale ressaltar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal e ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o presidente do Partido Liberal, Waldemar Costa Neto, indiciados na semana passada, não constam na lista de participantes dos núcleos.(leia mais abaixo)


Veja, abaixo, quem atuava nas áreas e o objetivo de cada núcleo, de acordo com a Polícia Federal:(leia mais abaixo)


Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral

Forma de atuação: produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura das eleições presidenciais de 2022.(leia mais abaixo)


O objetivo era "estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas, no intuito de criar o ambiente propício para o golpe de Estado, conforme exposto no tópico 'Das Medidas para Desacreditar o Processo Eleitoral'", de acordo com a PF.(leia mais abaixo)


Participavam:

Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;

Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército, ex-diretor no Ministério da Saúde e ex-assessor na Petrobras;

Fernando Cerimedo, ex-estrategista de Javier Milei, influencer dono do canal La Derecha Diario;

Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que ajudou nos questionamentos do PL às urnas;

Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército, ex-comandante da 3ª Companhia de Forças Especiais de Manaus do Comando Militar da Amazônia;

Guilherme Marques Almeida, tenente-coronel e ex-comandante do 1º Batalhão de Operações Psicológicas em Goiânia;

Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros, tenente-coronel, membro do Batalhão de Comando e Serviços da Academia Militar das Agulhas Negras;

Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor especial de Bolsonaro;


Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado

Forma de atuação: escolha de alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigadas golpistas.(leia mais abaixo)


De acordo com a investigação, os ataques eram realizados a partir da difusão de conteúdos em múltiplos canais e por meio de influenciadores em posição de autoridade perante a "audiência" militar.(leia mais abaixo)


Participavam:

Walter Souza Braga Netto, general da reserva, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa;

Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho, empresário e neto de João Baptista Figueiredo, último presidente da ditadura;

Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército e advogado;

Bernardo Romão Correa Neto, major do Exército;

Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;


Núcleo Jurídico

Forma de atuação: assessoramento e elaboração de minutas de decretos com fundamentação jurídica e doutrinária que atendessem aos interesses golpistas do grupo investigado.(leia mais abaixo)


Participavam:

Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor de Bolsonaro;

Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;

Amauri Feres Saad, advogado;

Jose Eduardo De Oliveira e Silva, padre;

Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;


Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas

Forma de atuação: a partir da coordenação e interlocução com o então ajudante de ordens do ex-presidente Bolsonaro, Mauro Cid, grupo atuava em reuniões de planejamento e execução de medidas no sentido de manter as manifestações em frente aos quartéis militares, incluindo a mobilização, logística e financiamento de militares das forças especiais em Brasília.(leia mais abaixo)


Participavam:

Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros, tenente-coronel, membro do Batalhão de Comando e Serviços da Academia Militar das Agulhas Negras;

Bernardo Romão Correa Neto, coronel do Exército;

Rafael Martins De Oliveira, tenente-coronel do Exército;mandante da 3ª Companhia de Forças Especiais de Manaus do Comando Militar da Amazônia;

Rafael Martins De Oliveira, tenente-coronel do Exército;

Alex De Araújo Rodrigues, tenente-coronel do Exército;

Cleverson Ney Magalhães, coronel da reserva do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres


Núcleo de Inteligência Paralela

Forma de atuação: coleta de dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões do então presidente Jair Bolsonaro na consumação do Golpe de Estado.(leia mais abaixo)


Além disso, monitoramento do itinerário, deslocamento e localização do Ministro Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República com objetivo de captura e detenção no momento em que fosse assinado o decreto de Golpe de Estado.(leia mais abaixo)


Participavam:

Augusto Heleno Ribeiro Pereira, general da reserva do Exército e ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência;

Marcelo Costa Camara, coronel da reserva e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

Mauro Cesar Barbosa Cid, tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;


Núcleo de Oficiais de Alta Patente com Influência e Apoio a Outros Núcleos

Forma de atuação: aproveitando a alta patente militar que detinham, agiram para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para que o golpe fosse consumado.(leia mais abaixo)


Participavam:

Walter Souza Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa;

Almir Garnier Santos, almirante da reserva e ex-comandante da Marinha do Brasil;

Mario Fernandes, general da reserva e ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência;

Estevam Theophilo Gaspar De Oliveira, general da reserva e ex-comandante de Operações Terrestres do Exército;

Laércio Vergílio, general-de-Brigada da reserva;

Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira, general da reserva e ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército;


Investigação começou em 2023

Desde o ano passado, a PF investiga a tentativa de golpe de Estado e iniciativas nesse sentido que ameaçaram o país entre 2022 e 2023, após Lula ter sido eleito — vencendo Bolsonaro nas urnas — e até pouco depois de ele ter tomado posse.(leia mais abaixo)


A investigação remonta aos discursos de altas autoridades do governo Bolsonaro para descreditar a urna eletrônica e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e se estende até o fim de 2022.(leia mais abaixo)


Passa, portanto, pelas "minutas do golpe" encontradas na casa do ex-ministro Anderson Torres, no celular de Mauro Cid e na sede do PL em Brasília; e pelo plano, revelado pela operação Contragolpe na última terça (19), que previa inclusive o assassinato de autoridades.(leia mais abaixo)


Os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, embora também se relacionem a uma tentativa de derrubar Lula da Presidência da República, são investigados em um inquérito separado.