Com uma recente diminuição de mortes e internações pela Covid no município, o Campos 24 Horas ouviu autoridades, gestores, médicos e outros profissionais que atuam na área da Saúde para saber se a pandemia pode estar em parte controlada. Além disso, a reportagem do site ainda ouviu os mesmos personagens sobre as mutações da doença em Campos e o que o governo municipal deve fazer a partir de agora. Quando a pergunta foi feita sobre os cuidados, todos afirmaram que, apesar da redução do número de mortes e de menos ocupação de leitos, os índices continuam altos e o governo deve ficar de olho nos indicadores de controle da pandemia. Eles ainda alertam: o campista não deve abandonar os hábitos de precaução. Conforme levantamento do Campos 24 Horas, com base nos dados divulgados pela Subsecretaria de Atenção Básica e Vigilância e Promoção da Saúde, de maio para junho houve uma queda de 170 óbitos para 104 pessoas que perderam a vida para a doença. O numero de infectados caiu de 3.430 para 3.118 entre os dois meses. Houve também redução nas taxas de ocupação de UTI (unidades de tratamento intensivo). E outro dado relevante foi apurado: duas variantes do vírus provocaram o colapso do sistema de saúde em março deste ano em Campos. A reportagem ouviu a presidente do Sindicato dos Médicos, o Subsecretário de Saúde que coordena os trabalhos da prefeitura, o presidente do sindicato dos profissionais da Saúde, médicos, entre outros. (leia mais abaixo)
ANÁLISE REDUÇÃO E ÓBITOS E CASOS - O subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde, Charbell Kuri, explicou a dinâmica da instalação e adaptação e mutações da doença, bem como analisou a queda de óbitos e casos notificados e o processo de vacinação. (leia mais abaixo)
“Todas as doenças infecciosas, principalmente as respiratórias de alta transmissibilidade, trabalham com uma dinâmica que, em primeiro lugar, começam na população que é mais suscetível a morrer, que são os idosos, pessoas com comorbidades e etc. E na medida em que essas pessoas se tornam vacinadas, se tornam protegidas ou morrem, o vírus que é um parasita obrigatório vai buscar outros hospedeiros para poder resistir. Junto a essa procura para sobreviver, ele vai então à procura de hospedeiros mais resistentes. Esses hospedeiros mais resistentes são as pessoas mais jovens e sem comorbidades. No entanto, para ele ter sucesso nessa empreitada de conseguir parasitar essas pessoas, ele precisa se transformar, evoluir e fazer mutações que possam fazer com que ele fique mais agressivo, mais infectante e mais letal. Dessa forma surgem as variantes. Elas têm objetivo de melhorar a máquina metabólica e transformativa do vírus. Então, nós assistimos aquela naturalidade dos vírus RNA que são extremamente mutantes e que se transformam para se adaptar a essa nova realidade de que agora nós percebemos essa mudança de mortalidade”, disse Chabell Kury, subsecretário de Atenção Básica, Vigilância e Promoção da Saúde. (leia mais abaixo)
MORTALIDADE – “As pessoas de 80, 70 e 60 anos representam o menor percentual de mortalidade, enquanto os mais jovens, pessoas com menos de 60 anos, estão sendo os que mais morrem em decorrência do vírus. Outra mudança importante é a presença da mortalidade em pessoas com ou sem comorbidades. A redução no número de mortes era esperada, uma vez que o vírus ainda mantém sua tendência de criar maior mortalidade em pessoas não vacinadas. Então, à medida que a vacinação vai descendo, a proteção vai aumentando e o número de pessoas mais suscetíveis a morrer diminui e, consequentemente, o número de mortes também”. (leia mais abaixo)
VARIANTES – “Através de uma parceira Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade da Universidade Federal do Rio de Janeiro (NUPEM/UFRJ) de Macaé, iniciada em 24 de fevereiro, o município realiza o trabalho de vigilância genômico, que é o sequenciamento de amostras de pacientes graves para tentar identificar, de forma precoce, as variantes da Covid-19 em circulação na cidade. No primeiro relatório liberado pela UFRJ, foram analisadas 41 amostras (coletadas em março, abril e maio) e 38 tiveram resultados positivos para Covid-19. As variantes identificadas foram a P.1 da Amazônia e a Inglesa, linhagem B.1.1.7, ambas consideradas de alta transmissibilidade, sendo responsáveis pelo aumento exponencial de óbitos, casos confirmados, internações, necessidade de oxigênio dentro do sistema de saúde. As variantes foram responsáveis pelo colapso no sistema de saúde do município, em março deste ano, com o aumento dos casos graves e mortes pela Covid-19”, destaca Charbel (leia mais abaixo)
VACINAÇÃO – “Esperávamos acelerar mais a vacinação, entretanto a aceleração depende da quantidade de vacinas que recebemos do Ministério da Saúde, através da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Atualmente estamos com duas frentes. A primeira delas é a vacinação por grupos prioritários, pois entendemos que em paralelo com a vacinação por idade, a gente precisa terminar esse calendário de prioridades que é pactuado pelo Ministério da Saúde. Assim que terminarmos o calendário de prioridades, vamos avançar com a imunização por idade e será proporcional a quantidade de vacinas que chegarem. Chegando a vacina a gente acelera”. (leia mais abaixo)
PONTO DE PREOCUPAÇÃO - A presidente do Sindicato dos Médicos de Campos (Simec), Maria das Graças Ferreira Rangel, defende que, mesmo com as recentes flexibilizações das medidas restritivas implementadas para desacelerar o ritmo de contágio do coronavírus no município, “faz-se necessário manter a constante observância dos indicadores de controle da pandemia de Covid-19, e também das essenciais práticas protetivas e preventivas, como o uso de máscaras e o isolamento social, para fins de evitar cenários ainda mais desfavoráveis do que o atual, haja vista que o surgimento de novas variantes do vírus e a detecção de novas cepas, no Brasil, é um ponto de preocupação”. (leia mais abaixo)
— A flexibilização, de modo seguro, deverá ocorrer quando existir uma redução significativa dos índices de monitoramento da pandemia, como a queda expressiva do número de casos e da ocupação de leitos hospitalares. Outro fator que poderá favorecer, futuramente, a redução no rigor das restrições com segurança é a evolução da vacinação em todo o território nacional — completou a médica Maria das Graças. (leia mais abaixo)
FLUXO DE PESSOAS - Já o ex-presidente do Simec, José Roberto Crespo, também adverte que o sinal de alerta precisa ser mantido em razão do quadro diário de infecções. “O número de casos de notificações de pessoas que adquiriram infecção ainda é alto. A nossa cidade está situada numa região portuária e de extração de petróleo, que recebe muitos trabalhadores de fora. Portanto, há um fluxo de pessoas de diferentes pontos do país e alguns até do exterior. Então, todos os cuidados precisam ser mantidos”, avaliou. (leia mais abaixo)
Por fim, o presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Campos (SES), Carlos Morales, destacou o esforço dos profissionais na redução dos números. “Eu me sinto orgulhoso como representante de uma categoria que, embora enfrentando riscos, não tem medido esforços nesta luta. Mesmo diante de casos e mortes de nossos colegas que tombaram na luta contra a doença, os que estão aí continuaram a luta sem esmorecer em nenhum momento, trabalhando sempre com toda dedicação”. (leia mais abaixo)
ESTADO DE ALERTA - Morales, no entanto, ponderou que a população precisa se manter em estado de alerta. “A gente vê muita gente em situação de aglomeração em barzinhos, sem máscara, e isso nos preocupa”, pediu. De nada adianta os profissionais de saúde fazerem a sua parte se a população em geral não faz a dela, a fim de não apenas proteger a si mesmo com preservar todos nós, profissionais”, afirmou. (leia mais abaixo)
O sindicalista frisou que ainda “temos um número ainda expressivo diário de óbitos e casos de contaminação em Campos e todo país, apesar desta diminuição dos números”.