Ex-chefe de Polícia do RJ, Allan Turnowski se entrega às autoridades após determinação do STF

Ele é acusado de receber propina e colaborar com contraventores do jogo do bicho. Turnowski foi até à Corregedoria Interna da instituição, no Centro do Rio, e foi preso por volta das 20h, dessa terça-feira (6)


  • 07/05/2025, 14h31, Foto: Reprodução.

O ex-secretário da Polícia Civil, delegado Allan Turnowski foi preso, na noite desta terça-feira (6), após o Tribunal de Justiça do RJ expedir um mandado de prisão contra ele. (Leia mais abaixo)

Na quinta-feira (1º), a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) reestabeleceu a prisão preventiva do policial, que é réu por organização criminosa, Turnowski é acusado de receber propina e colaborar com contraventores do jogo do bicho. Ele sempre negou as acusações.

O g1 apurou que, após saber do mandado de prisão, Turnowski foi até à Corregedoria Interna da Polícia Civil, no Centro do Rio, e se entregou por volta das 20h. De acordo com fontes, a medida foi para evitar constrangimentos à família e vizinhos. O delegado, agora preso, dormiu no prédio onde chefiou a instituição. (Leia mais abaixo)

Na manhã desta quarta (7), em um carro descaracterizado, agentes da Corregedoria da Polícia Civil levaram o ex-secretário até a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, Zona Norte do Rio, onde deverá passar por audiência de custódia ainda na quarta.

Em setembro de 2022, Turnowski foi preso por agentes do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio. (Leia mais abaixo)

O ex-secretário foi preso em continuidade às investigações sobre o delegado Maurício Demétrio, que está preso desde 2021, acusado de corrupção dentro da Polícia Civil. Demétrio é investigado por suspeita de forjar operações para incriminar adversários e também teria participação na morte do contraventor. O ex-delegado foi condenado há quase 10 anos de prisão por obstrução de justiça.

De acordo com as investigações, ele atuava como agente duplo, em favor dos contraventores Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, assassinado em novembro de 2020. Turnowski ficou na cadeia menos de um mês. (Leia mais abaixo)

O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão em outubro de 2022, e a 2ª Turma julgou o recurso entre os dias 18 e 29 de abril desse ano, em sessão virtual.

Nesta terça-feira (6), o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, durante uma entrega de viaturas para a polícia, agravantes de pena para policiais que cometem crimes. (Leia mais abaixo)

"Eu, inclusive, sou favorável que se tenha uma lei pra que haja um agravante de 10 vezes a pena pra esses vagabundos travestidos de policiais. Óbvio que, resguardando o devido processo legal — assim como o criminoso, todo mundo luta pra que tenha o devido processo legal — o policial, mais ainda, tem que ter", disse o governador.

"Mas, se for constatado que ele é criminoso, ele é pior que o vagabundo que tá na rua. Ele tem que ser extirpado e tem que ser punido exemplarmente, porque ele tem que estar do lado da lei, e tá lá colaborando com o crime", acrescentou Castro. (Leia mais abaixo)

‘Delitos notoriamente conhecidos’, diz ministro

Na decisão dos ministros da 2ª Turma que derrubou a liminar concedida pelo ministro Kassio Nunes Marques em 2022, Edson Fachin disse: (Leia mais abaixo)

“Não parece faltar indícios da existência da organização criminosa da qual faz parte o paciente [Allan Turnowski], e sua atuação na suposta prática de um conjunto de delitos notoriamente conhecidos e devastadores da ordem e paz públicas do Estado do Rio de Janeiro”.

E o magistrado destacou que: (Leia mais abaixo)

“De outro lado, há sólidos indicativos de que o grupo está disposto a usar de atos de violência e demonstração de exacerbada força e poder, inclusive com o planejamento de homicídios para eliminação daqueles que colocam contra os interesses do grupo (no caso, no universo de disputas relacionadas ao submundo dos exploradores de ‘jogos de azar’)”.

Gilmar Mendes e André Mendonça votaram pela prisão do delegado, enquanto Dias Toffoli e Kassio Nunes se posicionaram contra. O advogado de Turnowski, Daniel Bialski, afirma que a defesa vai interpor embargos de declaração no STF e novo habeas corpus. (Leia mais abaixo)

“A defesa vai interpor embargos de declaração no próprio STF e novo habeas corpus porque alguns temas foram omitidos, especialmente o fato do processo estar paralisado há quase um ano em diligência requerida pelo MP.

E o mais importante, que todas as medidas alternativas foram cumpridas na integralidade, incorrendo qualquer incidente”, afirmou o advogado. (Leia mais abaixo)

O advogado Daniel Bialski informou que já protocolou um novo habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio, no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal.

‘Nós somos um CNPJ, um CPF só! Irmãos de embrião!’ (Leia mais abaixo)

Um dos diálogos obtidos pelos investigadores revela que o ex-chefe de Polícia chegou a pedir ajuda a Demétrio em outra ocasião: “Guru, se ele me pegar, ele vai te pegar, Guru. Tem que me proteger por você! Me esquece! Porra, tá maluco? Nós somos um CNPJ, um CPF só! Irmãos de embrião!”. Ele responde: “Farei tudo o que estiver ao meu alcance”.

“Traçam estratégias para galgar cargos relevantes na instituição de modo a perpetuar e potencializar suas atuações criminosas. Escudados pelo poder e relações estabelecidas, perseguem desafetos, monitoram investigações e movimentos que podem prejudicar seus interesses, conversam sobre medidas a serem adotadas para se precaverem da ação de investigadores e tratam da situação de recebimento de propina por parte de aliados”, diz um trecho da denúncia do MP. (Leia mais abaixo)

Quem é Allan Turnowski?

Turnowski foi chefe da Polícia Civil entre 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral (MDB) e deixou a pasta durante uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto vazamento de uma operação. O caso foi arquivado por falta de provas. O delegado sempre negou qualquer irregularidade.   Depois, em 2020, ele voltou ao posto – que passou a ser uma secretaria do governo do estado – onde ficou até o início deste ano, quando saiu para se candidatar. Sob sua gestão, a pasta inaugurou uma força-tarefa de combate às milícias, que até março de 2022 tinha contabilizados mais de 1,2 mil presos. (Leia mais abaixo)

Turnowski também anunciou reformas em 25 delegacias e criou um prédio para o setor de Inteligência da Polícia Civil, no Centro do Rio.

Durante sua gestão, no entanto, Turnowski foi criticado pelas 28 mortes em uma operação no Jacarezinho, em maio de 2021. O secretário sempre defendeu a ação da Polícia Civil. (Leia mais abaixo)

Mesmo com uma decisão do STF restringindo operações no Rio durante a pandemia, o número de ações da polícia aumentou entre 2020 e 2021.

Fonte: g1 (Leia mais abaixo)



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